segunda-feira, julho 08, 2013

Uma pausa: a saudade...

Há muito tenho notado que por diversas vezes em uma mesa de bar, uma roda de amigos, a dois ou sozinha,  me pego divagando acerca do que é a Saudade.
Como quase todas as coisas na vida, esse é mais um elemento que utilizamos em nossas conversas, nossas juras de amor, nossas declarações, nosso dia a dia e que pode ter um significado muito particular para cada um.
Talvez o meu conceito de saudades distancie-se do seu, e estes conceitos difiram de um terceiro. Eis a dúvida: será que todos sentimos saudades?
Talvez sim, talvez não. Torna-se quase impossível responder a esta questão,  visto que cada um tem um modo muito particular de viver e se relacionar com o mundo. E esse modo de funcionamento tão particular, que faz alguém sentir ou não saudades. Acredito nisso!
Possivelmente muitas variáveis devem ser observadas se quisermos analisar a saudade. Desde a forma como nos relacionamos com alguém/algo, o momento em que esta relação acontece, o produto desta relação, até o que este elemento representa. Ao discriminar tudo isso, fica evidente a tarefa desafiadora que estou tentando me aventurar, agora.
Não quero que este texto esgote todas as possibilidades acerca da saudade, longe disso, quero apenas me arriscar em algo que me intriga o suficiente para dissertar.
Coração apertado, vontade de ter próximo, idealizações, lembranças recorrentes, falta da presença, essas são sensações características do que eu intitulo como Saudade. Devo dizer que tudo isso pode estar relacionado a falta de uma pessoa, um animal, bem como um objeto, visto que durante a vida nos relacionamos com muitos objetos que devotamos grande representação, e é extremamente normal que sintamos falta de algo inanimado.
É importante atentar-se ao fato de que muitas coisas deixam saudade justamente pelo momento em que elas foram experenciadas. A latente necessidade (privação) de algo, o torna tão mais atraente e necessário, de modo que em momentos similares a esta privação, dizemos que precisamos disso, em outras palavras... que estamos com saudades. É possível que esta comparação tenha sido um pouco radical, e que a a necessidade de algo não seja sempre geradora de saudade, mas provavelmente a saudade seja a estranha e avassaladora vontade de ter algo.
Percebi também, que com a passagem do tempo e consequentemente, com a mudança de nosso ambiente, algumas coisas que antes não tinham grande significado, passam a fazer grande falta. É como aquela velha sensação narrada pelos idosos: "Eu era feliz e não sabia! Que saudade daquele tempo!". Isso deixa claro que estamos sujeitos a sentir saudades de coisas que atualmente julgamos pouco importantes.
Ah! Mas que complexo tudo isso!
O que será a saudade, afinal? Será um sentimento, um estado, uma sensação?
Quem saberia responder?
Poetas tentam a todo momento, rabiscam versos e compõem músicas. A sentem latente e pulsante e até ousaram dizer que sentem saudades do que não viveram. Adolescentes dizem senti-la a todo momento estranha e deliberadamente, queixando-se da falta de diferentes coisas e pessoas.
Eu ouso rabiscar meus pensamentos e traduzi-los neste apanhado de palavras, pouco conclusivas e talvez errôneas, mas minhas. Busco entender o que me causa saudades e como lidar com elas. Da mesma forma, busco compreender a saudade do outro e como ele a sente, será que a sente? Algumas pessoas parecem não senti-la, ou somente não a expressam.
Veja bem, são tantas perguntas, poucas respostas.
Devo dizer que a sinto, algumas vezes. E ela arde como brasa, queima algo que não sei bem o que é, e se apaga, às vezes logo, às vezes tarde. Sei também que algumas me são passageiras, rápidas e efêmeras. Algumas tão  intensas que parecem insaciáveis, de modo que mesmo entrando em contanto com o que a causa, ela parece se multiplicar, é como querer mais, mais e mais um pouco. Neste último caso talvez nem seja saudade. O que poderia ser então... amor? Ah! Este é um assunto para outra prosa, outras divagações, outros drinks... Quero me ater agora somente a saudade... Essa que não tem tradução, mas que não existe somente para nós. Essa que acomete crianças, adolescentes, adultos ou idosos. Essa que nos torna saudosistas, chatos e repetitivos. Essa que incomoda, mas ao mesmo tempo parece ser algo delicioso de ser vivido. Essa que me parece charmosamente complexa e que me pego pensando... ou sentindo.
Essa que me faz pausar. Suspirar. E pirar.
Quero senti-la... Mas não posso ser egoísta...
Por isso...

Te convido agora a divagar: você sente saudades?
















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