domingo, julho 15, 2012

É inverno

Está frio, lá fora e aqui dentro. A temperatura caiu, as lãs e moletons foram redescobertos. Cachecol e luvas para proteção, fuga do frio. Mas não há como negar, o inverno chegou aqui pra mim, e conta com escala negativa.
Sinto as mãos geladas de frio, resolvo com as luvas. Sinto os pés transmitindo a baixa temperatura, resolvo com as meias. Sinto o vento arrepiando-me, resolvo com agasalhos. E mesmo diante de todos artifícios, não consigo minimizar a ventania que se transformou meus pensamentos.
Fala-se muito de "coisas do coração", pois bem, sinto meu coração acuado por estas coisas. Tento peneirá-las mas parecem fundidas.Posso sentir a chuva de insegurança, a geada do medo e o vento de incertezas. Será possível passar pelo inverno, suportar o vendaval e chegar à primavera?

Espero que o agasalho seja suficiente, o cobertor seja acalentador e os calçados permitam-me caminhar, muito. E muito...



terça-feira, julho 03, 2012

Será que vale?



É no mínimo estranho pensar que deixamos de ser 'alguém' em busca de nos tornar 'alguém na vida'. Trocamos a convivência saudável por inúmeras relações com pouca qualidade. Para conseguir algum status, conforto e possibilidades temos que embalar uma luta diária. Mas é estranho falar de tudo isso, não quero que pareça que não é necessário esforço para alcançar o sucesso, mas é insano perceber que a rotina, as regras, as necessidades e os moldes da sociedade conduzem-nos ao anulamento de nossa vida pessoal.
Começam a ocorrer as trocas. Troca de uma saída por estudo; troca de um papo por uma leitura; troca de um bom sono por pouquíssimos minutos na cama. Configuramos nossa vida de forma totalmente sugadora, passamos mais tempo no trânsito do que em casa; nos relacionamos melhor com o computador do que com as pessoas; falamos mais por SMS do que no telefone. Tudo parece estranho!
O esforço parece gradativo. O empenho começa a sugerir muitas trocas quando na entrada para a universidade. Depois vem a necessidade de conciliar estudo e trabalho, tarefa nada fácil, fadigante e altamente estressante. Em seguida, lançamo-nos na empreitada de conseguir conquistar um status. O trabalho dobra, os esforços multiplicam-se.
E nesta onda, vamos produzindo pessoas estressadas, cansadas, famílias individualizadas e sem diálogo. Minimiza-se o tempo de lazer, de sorrisos, de bate papos e de integração. Aumenta-se o tempo de isolamento, de trabalho, de produção e pouquíssima comunicação.
Que vida, hein!
Quando penso em tudo isso, gera-me um desconforto. Os dias de descanso parecem grandes troféus, são conquistados pós muito esforço, mas tem duração efêmera.
Os minutos em que podemos sentir a presença de quem amamos é um presente; olhar nos olhos, conversar, abraçar... tudo soa como bônus!
Por vezes questiono-me, qual a garantia de que todo meu esforço será recompensado? Terei mesmo tempo de desfrutar da vida de forma tranquila? Afinal, vale abrir mão de tanta coisa no hoje, pensando no amanhã, que se faz tão incerto?
O jeito é procurarmos empenhar amor, satisfação e criar situações agradáveis para que tudo pareça menos dolorido. Temos que ser bons atores, estrelar cada dia como se fosse o primeiro capítulo. Não dá para encarar tudo com amadorismo, não há tempo para que existam dublês.
Dentro do possível dar qualidade ao hoje, é o jeito...

... no mais, continuamos velejando.

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A mesma de sempre com inúmeras alterações.