terça-feira, novembro 20, 2012

Vício

Dentre as diversas experiências humanas, uma das mais intrigantes e curiosas é a felicidade, ou estado de felicidade, como preferir. São tantas estimulações envolvidas, fisiológicas, 'psicológicas' e comportamentais que chega até a dar um nó quando se quer destrinchar tudo isso.
Mas vale a pena pensar nisso tudo, por um instante.
Dentre as diversas explicações para a felicidade - incluo aqui os aspectos pessoais envolvidos -, estão os aspectos que pude observar há pouco.
Borboletas no estômago, batimento cardíaco acelerado, sorrisos espontâneos, falas prolongadas, e ideias, muitas ideias. Esses são os meus sintomas de felicidade. Talvez comuns aos seus, talvez em parte semelhante, ou talvez destoem de sua concepção. No entanto, entendo tudo isso como um estado que possibilita-nos a tomar algumas atitudes especiais.
Sentir-se feliz, reconhecer-se feliz ou julgar-se feliz, tornam mais prováveis algumas escolhas. Ficamos mais propensos a querer abraçar o mundo, ou apenas quem está ao nosso lado. Desejamos mais coisas do que nunca, e queremos idealizar tudo que fantasiamos. Nos sensibilizamos mais com as boas atitudes e atentamo-nos à coisas que antes não seriam percebidas.
É isso!
A felicidade deve ser uma predisposição para algumas coisas; deve ser um grande embaraço de sensações e situações que nos levam a querer mais algumas coisas, do que outras.
Deseja-se mais sorrisos, mais piadas, mais música, mais papo. Há também quem fique totalmente motivado a implementar projetos, dar luz à ideias, mudar o visual ou pintar um quadro. A verdade é que quando percebemos que uma coisa deu certo, o 'coração' ou qualquer outra instância fisiológica enche-se de orgulho e vontade. Vontade de perpetuar essas sensações. Vontade de repetir, de sentir e de experimentar tudo novamente.
Mas cuidado! Isso parece ser um ciclo vicioso: quanto mais boas consequências se tem, mais se quer. E deste misto podem surgir diferentes angústias, frustrações e desapontamentos - mas isso é outra prosa!
O fato é que experimentei conscientemente, há pouco, todas essas sensações, e assim pude entender como funciona a minha felicidade. Tão minha, e tão pessoal! - acabo de contrastar a tentativa de uma concepção genérica de felicidade. Senti a predisposição a escolher e querer implementar tantas coisas, senti o ímpeto de continuar. Não quis pintar um quadro, mas desejei escrever assim, aqui.
E que delicioso é sentir tudo isso. É como se em fim, suas marcas pudessem ser deixadas. É como se fosse verdade aquele papo de que em determinado estágio da vida, queremos produzir e deixar feitos eternos.
E talvez esse tenha sido meu episódio de felicidade, regado a um grande desejo de que seja um capítulo, e que tenha continuação. Mas tenho aprendido, a cada dia: tudo é passageiro se não se alimenta e fortifica.
Mas quero agora, aproveitar do meu episódio e estrelá-lo brilhantemente, com a tentativa de mantê-lo sempre no ar...
Deixar feitos. Eternos. Será possível?

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