domingo, outubro 28, 2012

Veja a nuvem... é chuva!

Psiu! Ouça o barulho dos trovões. Veja o céu  escurecer. As árvores começam a balançar, folhas a cair. É, parece que vai chover!
E a chuva traz consigo tantas possibilidades. De limpar, de lavar, de refrescar, de levar e de mudar.
O calor inflama diferentes sensações, e estas pouco se pode controlar. São avassaladoras, quentes e cruéis. No entanto, a chuva diminui a possibilidade de combustão. Traz alívio, suavidade, calma, reflexão.
Um precisa do outro. O calor precisa do frescor. E o frescor torna-se opaco, cinzento, turvo e pouco apetitivo sem o calor. São relações correlatas, dependentes. Necessárias!
Posso sentir a calma pairando. A possibilidade de uma cesta. A coragem de iniciar algo que há pouco se tinha adiado.
Olhe. Veja a possibilidade da conversa, a possível explicação. Sinta a maciez das águas, que levam a explosão.
Deixe a chuva lhe molhar. Deixe a chuva limpar. Deixa a chuva mudar.
Deixe.
              Ouça.
                     ... é chuva!

segunda-feira, outubro 15, 2012

Me falaram

O que nos permite dizer que somos a mesma pessoa de anos atrás, aquele (a) pequenino(a) com outros sonhos e ambições? Como reagir ao espelho que publica uma imagem diferente, capaz de provar que tudo mudou: traços, feições, cores e dimensões?
Desde os primeiros momentos de vida tudo passa a ser diferente. Estar em contato com o mundo permite-nos interferir neste, mudá-lo, alterá-lo... modificá-lo. O choro, os primeiros movimentos. O balbucio, a fala, pedidos e interrogações. Pinçar, agarrar, manusear, andar e deslocar-se. Todas essas ações foram experimentadas, modificadas e diversificadas. Nada parece igual ao que foi antes, lá trás, no começo.
O corpo mudou, cresceu, rejeitou algumas características e preservou outras. Ainda assim, se afirma: ainda sou eu. A fala foi modificada, o vocabulário expandiu-se, algumas palavras caíram no desuso, os pedidos tornaram-se mais ambiciosos. Ainda assim, se afirma: sou o mesmo (a).
A família deixou de ser o único grupo, a pré-escola já abandonou, o colégio ofereceu novas possibilidades, de empresas já mudou. Mas ainda assim, afirma: eu sou eu.
Lidar com a mudança de sentimento em relação a determinados estímulos; lidar com a mudança de medos e anseios... Nossa! Tudo isso nos garante uma grande característica: a grande complexidade humana.
É difícil, pra mim, entender que sou a mesma, mas que mudei. Que vivo de constantes alterações, e que preciso adaptar-me a elas. É, no mínimo, estranho pensar que mesmo diante de tantas mudanças, tenho limites. Limites no agir, no pensar, controlar e no falar.
E lidar com limites tem se tornado um desafio. E esse desafio me é uma guerra pessoal, que dispõe de armas calibradas com episódios considerados de ansiedade, de medo e de indignação.
Mas será este um misto de sentimentos idiossincrático? O não é a resposta mais esperada, que retira-me da linha dos incomuns. Espero que partilhem, minimamente, com tudo isso, não me apetece a ideia de ser estranha no ninho.
O fato é que tudo continua, e a evolução/involução continua, sedenta, apressada, avassaladora. Sinto distanciar-me mais e mais daquela foto, de pequena, pequenininha.
Mas sou eu.
Acredito que sou eu. Me falaram que sou...
...ou que ERA.



Quem sou eu

Minha foto
A mesma de sempre com inúmeras alterações.