domingo, abril 05, 2015

À vida

Lembre-me de acreditar que há um tempo em que é preciso cessar esforços, retirar a tropa.
Um tempo em que o silêncio é bem vindo e que muitas palavras, por mais bem explicadas que sejam, se tornam nada. Caem em desuso.
Me lembre de acreditar no que eu já fiz, no que um dia deu certo. Atitudes que me definiam e me faziam forte.

Não me deixe acreditar que eu sei e que não devo mudar. Nem tampouco me enfiar de cabeça em minhas verdades.
Faça-me sempre questionar quem eu sou e o que tenho de melhor, mesmo que seja a tarefa mais difícil.
Coloque-me frente ao espelho, com grande frequência, pois ele sempre me devolve a imagem do que quero e do que não quero ser. Mantenha-me crítica de mim.

Lembre-me de acreditar no meu sorriso e no quanto ele faz bem a outras pessoas. Mas não me deixe ser leviana, ao julgá-lo como indispensável a alguém, exceto a mim. Por isso, faça com que eu renove os motivos que me causam o riso.
Coloque-me em minha condição humana, sempre que eu achar a dor desnecessária. Relembre-me que ela é passageira, mesmo que tenha se hospedado.

Permita-me acreditar que eu estava errada. Que não fiz boas escolhas e que, assim, eu possa começar novamente. E de cabeça erguida, quantas vezes forem necessárias. 
Mas não me deixe faltar com a defesa do que acredito, mesmo que ao final, eu perceba a grande tolice.
Permita-me ser corajosa e confiante, alertando-me sobre o limite que a sabedoria propõe.

Dai-me o tombo necessário e a força para levantar. Ajude-me a curar feridas e suturar cortes profundos. Mas não me deixe ser pivô de minhas dores. 
Refaça minha rota quando perdida e me dê chances de trilhar novos caminhos. 

Não me beneficie mais que outros, mas me ajude a beneficiar os outros com minhas conquistas. Me lembre de não deixar de lado o exercício da tolerância e o bom senso do perdão. Mas não me deixe ser tola, mais que o necessário. 

Bata em minhas costas para impulsionar meu passo ou mostrar-me que deixe algo pra trás. Não permita receber tapas levianos ou traiçoeiros, pois mesmo que leves, são devastadores. Mas se receber, lembre-me de bons motivos para não revidar. Permita-me achar que conheço o outro o suficiente para amá-lo. E não me deixe aceitar outras relações que não baseadas no amor.

Dai-me o sopro necessário para levantar meus cabelos. E  as lentes necessárias quando na visão turva.
Ofereça-me a possibilidade do amanhecer e a coragem de levantar. Sempre que possível refresque minha memória ao mostrar-me que sou a dona de meus passos, mas não me deixe esquecer quem me ensinou a andar.

Cobre-me agradecimentos, mesmo que não pareçam necessários.
E perdoe a ousadia ao dizer-lhe o que fazer.




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A mesma de sempre com inúmeras alterações.