segunda-feira, novembro 04, 2013

A vida em vista

Há muito tenho pensado sobre os altos e baixos que nossos sentimentos e emoções passam. E, de modo muito particular, esses altos e baixos se alternam de formas e ritmos diferentes nos meus e nos seus dias.
Pensei nas vezes que me senti triste e no pouco que me sobrava para ter vontade de levantar e continuar.
Pensei nas vezes em que me senti brava e nas palavras pouco ponderadas que eram soltas na ocasião.
Lembrei-me das risadas incontroláveis que não pude segurar. E dos sorrisos discretos, ao caminhar na rua, sozinha, exalando felicidade.
Revivi a angústia do medo e do temor, aquele que é capaz de me fazer tremer as mãos ou botar-me escondida sob as cobertas.
Senti a ansiedade fria, congelante que me acometeu em diversos momentos. Que congelou minha mão e me fez adiar decisões.
Relembrei das decepções que chegaram de supetão e cobriram com neblina a confiança e as verdades construídas.
Excitei-me ao lembrar do frio da barriga promovido pelos momentos mais extasiantes, arrepiei-me.
Recobrei os momentos em que deveria sorrir e não o fiz; que deveria chorar e não derramei uma só lágrima; que deveria discutir e preferi evitar; e que deveria fazer mas adiei.
E pensando em toda esta diversidade, talvez tenha chegado a uma possível consideração: tudo tem sua função, mesmo o choro, o sorriso, o medo, a ânsia, a raiva e todas as outras combinações que são tão típicas de nós humanos e, diga-se de passagem, sabemos muito bem como complicá-las.
Estas funções podem ser diversas e combinadas em diferentes momentos, mas creio que não devemos adiá-las.
A maioria dos adiamentos que cometemos podem estar intimamente ligados à ruim tendência que temos de não perceber o hoje, o momento, o agora.
Preocupações sempre voltadas para frente ou para trás, poucas vezes para o direção do hoje; ocasionando em perdas de intensidade e de sensações.
E talvez o segredo para não perdemos a vida, vivendo-a, é permitindo-nos sentir o que nos acomete em cada momento.
Chorando quando necessário, mesmo que seja somente para molhar o travesseiro ou adquirir olheiras.
Discutindo para evadir a raiva, mesmo que depois de horas de discussão tudo acabe em pizza.
Utilizando da decepção para repensar e sentir que tudo o que fez foi errado e, quando acordar, perceber que não dá para mudar tudo, por isso optar por mudar o visual.
Permitindo que a barriga doa de tanto gargalhar, mesmo que o ambiente não permita e, que as pessoas lhe estranhem, mas simplesmente pelo prazer de ceder ao sorriso.
Arrepiando-se quando o contato for sutil, doce e avassalador, mesmo que a razão não conceda e tente negar.
Esquecendo os problemas, os prazos, as cobranças, o status e as obrigações, por um minuto, um dia, ou uma tarde apenas.
Sentindo o frio na barriga, o medo, o buraco no estômago e todas as incertezas, mesmo que seja para provar o quão incontrolável as coisas podem ser.
E por mais que tudo soe como ideal ou simplesmente pareça a vida perfeita, quero retirar a utopia de minhas palavras e trazê-las para a realidade.
Quero simplesmente dizer que me parece importante permitir que os gerúndios estejam no presente, como eles devem estar. De modo a não perder os dias simplesmente por entre os dias; e mantendo a vida em vista. Permitindo.
Validando-a.


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A mesma de sempre com inúmeras alterações.