domingo, janeiro 11, 2015

Sorriso devastador

"Não se arrependa de nada que lhe fizera sorrir." Esta foi uma das frases com que me deparei nestes dias, não me lembro ao certo em qual ocasião e nem tenho ideia quem a escreveu. No entanto, me lembro exatamente da sensação que tive ao lê-la: simplesmente concordei e senti que meu coração fizera o mesmo, ritmando acelerado. Foi uma sensação dúbia, de identificação e conforto, mas também de embaraço e confusão.
Não havia escolha, tive que me aliar àquela verdade transcrita, pois ali estava uma pequena parte de minha inexistente sabedoria. Sem dúvidas aquela era uma de minhas grandes colisões. Meu concordar foi, seguramente, produto da minha identificação. Concordei porque, de alguma forma, sempre fora o que eu acreditei.
Nenhum sorriso deve ser desperdiçado, tampouco esquecido, quem dirá negado. Se eles existiram, de alguma forma foram bons, únicos e intensos. Penso que, talvez, pouco justificaria um arrependimento. No entanto, este pouco existe e vivemos tentando esquecer o que nos fez realmente feliz. Em paralelo, devo confessar um de meus grandes receios; traduzir enfim, uma de minhas ocorrências humanas: tenho receio de todos que me fazem sorrir um sorriso verdadeiro.
E, por mais insana que pareça esta proposição, eu permaneço amedrontada. Um medo que, muito provavelmente você tenha ou, quem sabe, já sentira na vida. Assemelha-se à insegurança, talvez esteja em uma mesma classe de respostas. A verdade é que eu tenho medo daqueles que me fazem sorrir e que me arrancam gargalhas doídas. E com isso, passam a conhecer o que eu chamo de felicidade. Tenho medo daqueles que me conhecem cruamente, que já me fizeram chorar de felicidade e sabem, exatamente, como elevar meu humor. Sinto receio daquelas pessoas com quem eu posso ser eu mesma, sem economizar, sem tirar e nem pôr. Apenas ser. Amedrontam-me aqueles que me fitam os olhos até que eu desista e abra um sorriso. Causam-me tremor aqueles que conhecem o som de minha risada e, mesmo assim, permitem que eu gargalhe.
E como num piscar de olhos, fica claro, nestas linhas, que tenho medo da felicidade, do que me causa boas sensações. Será mesmo? Esta colocação me parece mórbida demais e também pouco assertiva! Tendo a ir mais fundo e descubro que são tantos medos mínimos que se tornam grandes quando sobrepostos. E aí sim assustam, verdadeiramente.
Mas como pode o sorriso causar tantas sensações desgostosas, se é ele o anunciador de boas novas, o presságio da felicidade e a coroação do êxtase? A resposta é a mesma afirmação com que proponho a pergunta. Os sorrisos me amedrontam pura e simplesmente por serem tão cheios de si, por produzirem tão boa devastação.
Sendo assim...
Resta-me apenas confessar: amedronto-me porque, humildemente, tenho pavor de perder quem me faz sorrir!
        Não se vá.

Quem sou eu

Minha foto
A mesma de sempre com inúmeras alterações.