domingo, fevereiro 09, 2014

Esquerda, direita... a frente

Viajar é sempre uma atividade intrigante, desde a partida até o retorno.
Sempre quando na estrada, procuro criar diferentes cliques fotográficos imaginários e neles busco retratos instigantes, bonitos, curiosos, charmosos ou simplesmente cliques. E há muito tempo, acredito que desde criança (durante as imensas viagens por estradas pra lá de compridas e solitárias), uma cena me chama a atenção e faz-me devanear.
Dentre paisagens bonitas ou menos atraentes, dentre enquadres fotográficos ou apenas vales secos, a figura que sempre me cativou é de alguém caminhando sozinho, na beira da estrada. Este clique sempre me fez virar o pescoço de modo a acompanhar aquele indivíduo desconhecido até onde minha visão fosse capaz. E este acompanhar talvez sempre esteve enraizado numa esperança de que eu saberia para onde aquele ou aquela iriam. Feições cansadas, na maioria das vezes, sob um sol escaldante. Passos ritmados, nada lentos, a maioria dos avistados pareciam ter pressa.
Mas pressa para chegar onde?
Fantasio diferentes destinos para estes meus personagens. Mas nunca sei bem para onde vão. As estradas sempre estão sozinhas e são longas, me parece impossível percorrê-las caminhando, mas eles os fazem.
E tão logo que os perco de vista, penso no meu caminhar. Poucas vezes solitário como o deles, mas muitas vezes cansado. Já andei em dias ensolarados e também passei por chuvas. Molhei-me, queimei-me. 
Em muito me assemelhei àqueles andarilhos que, com certeza, tinham um objetivo final, um destino. Mas que para mim caminhavam a esmo, sem ter onde parar. Logo me vi junto a eles, da mesma forma caminhando, sem bem saber onde pousar, onde encostar ou em que sombra descansar.
Assemelhei-me quanto às dúvidas do destino, quanto às incertezas que provinham daquela estrada. 
A cada curva uma surpresa e a cada surpresa o medo do próximo passo. 
Talvez aqueles que vi na estrada não tivessem tanto medo de caminhar como eu. Talvez eles nem soubessem mesmo por onde ir, mas iam. Talvez eles soubessem exatamente onde chegar.
Ainda hoje, quem sabe, eu esteja percorrendo passos sutis que precisem de mais destino em cada pisada.
Sinto-me responsável pela chegada daqueles que meus olhos acompanharam, por segundos apenas. Recorro às placas, onde tudo aquilo poderia levar?
Mesmo assim tudo estaria distante. Longe dos passos deles.
E disso, possivelmente eles sabiam bem... que distância!
Mas continuavam, caminhavam. Determinados. À esquerda, à direita, sem parar. Queriam chegar a algum lugar. E agora, acredito que alcançaram o destino.
Assim como eu quero chegar. Onde eu quiser chegar. Com quem eu quiser chegar. 
À esquerda ou à direita. Aqui ou acolá.
Muito do caminho, o destino fará.



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A mesma de sempre com inúmeras alterações.