quinta-feira, julho 04, 2013

Não uma, mas duas




Sem muitos protocolos tenho a ousadia de me comparar a uma moeda. Me soa semelhante demais a posse de duas faces, não dois Eus (talvez, quem sabe?!), mas duas facetas que vivem em intensa colisão.
Cara e Coroa para as faces das moedas, já as minhas não foram nomeadas, nem há necessidade para tal, - parece-me ilógico demais poder chamá-las por um nome se até pouco tempo nem me eram conhecidas. Com todas as ressalvas possíveis, estabeleço semelhanças entre minhas facetas e das moedas, estas últimas são possuidoras de diferentes características duais: podem ser boas e ruins, influentes ou com pouca influência, ter valor alto ou baixo valor, etc. Devo dizer que compartilho também de toda esta ambivalência, à minha moda, é claro, mas de modo muito próximo. É sabido que o dinheiro pode, por muitas vezes, favorecer acontecimentos muito bons, no entanto, pode prejudicar muitas relações. Dessa mesma forma,  entendo como posso a partir de minhas atitudes protagonizar boas situações, bem como ter atitudes detestáveis. Sim, enxergo em mim a possibilidade de fazer mal ao outro, vejo em você também, fazemos com ou sem consciência disso.

Como na realidade monetária, vejo dias em que tenho mais valor e dias que meu valor está bastante reduzido, tão capitalista isso, não?!

Não! Enxergo claramente as situações em que meu valor é latente e momentos em que simplesmente tanto faz. Fato este que implica diretamente no quão influente podemos ser, assim como o dinheiro e toda a sua representação mundial. A depender de seu valor uma moeda pode cruzar fronteiras, integrar idiomas e realizar grandes transações, dessa mesma forma, entendo que a depender do valor que represento para algo ou alguém me torno mais ou menos influente sobre.

Mas para além das moedas, quero me ater a outro tipo de dualidade que vivencio. A colisão constante que sinto acontecer e posso ver os resultados ao final, mas sem muito saber como acontecera.
Não espero sua compreensão a respeito disso, tentarei tratar de mim mesma de um modo bastante simples, não que o seja, mas dessa forma minimizo o estranhamento desta realidade.
Outrora, em um momento de alívio após uma escolha realizada com sucesso, atentei-me ao que antecedera a esta escolha: era ela, a dúvida. Não que ela me fosse estranha ou pouco sentida, mas dessa vez ela me ocorreu diferente. O passo seguinte foi entender o que causava esta dúvida. Não obtive muito sucesso em busca desta resposta, no entanto, entendi que até o momento de executar um fato já decidido tendo a derrapar nesta decisão, visto que outras opções apresentam-se mais apetitosas.
Posteriormente pude perceber claramente que para executar, de fato, a primeira decisão, era necessário que uma de minhas facetas fosse irredutível, forte e destemida. Assim, compreendi que meus anseios eram dinamizados a todo momento por mim mesma e dei luz à consciência de minhas duas faces: a que decide o que fazer mas logo sabota a si mesma e a que a todo momento prioriza a escolha primeira.
Que caótico! Talvez para você eu tenha me distanciado da analogia às faces da moeda, penso que sim, também. Mas entendo que a força proponente de minhas faces torna-me um ser humano em ebulição, e isso merecia ser dito, possivelmente como forma de deixar evadir um pouco desta fumaça que me sufoca.
Vejo também a possibilidade de melhor compreender a dinâmica destas duas faces, de modo que uma está o tempo todo tendo de apertar os cintos, fechar as portas, cerrar os dentes por conta da inconsistência de sua parceira. Em suma, devo dizer que uma necessita da pressão e cuidado da outra. Isso acontece para que a primeira possa tornar real sua decisão, sem medos, comodismos ou insegurança. É como uma criança que quer escorrer em um brinquedo, mas deve subir todas as escadas, diante do medo pensa em desistir, no entanto alguém de fora lhe ajuda e encoraja, dizendo que o resultado final será bom. Sem a força deste ambiente talvez as escadas tivessem barrado seu desejo.
E a cada alívio tenho certeza de que a pressão exercida obteve sucesso e eu pude desfrutar da minha vontade mais pura, original. Caso ocorresse o contrário teria, ao final, a sensação mais assustadora da vida: "E se...".
Por entre ebulições e evasões, busco dinamizar todas estas dualidades e colisões que me ocorre diariamente. Às vezes obtenho sucesso, por vezes me pego sussurrando:
...e se...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Quem sou eu

Minha foto
A mesma de sempre com inúmeras alterações.