sábado, março 09, 2013

Crescente amor (segundo conto)

E não existem regras para o amor, nem idade, já diziam alguns sábios leigos. E pode ser verdade...
Eram dois pequenos, grandes em sua infantilidade, alegres, sorridentes e vívidos. E dentro de possíveis conexões, conectaram-se.
Brincavam ele e ela. Faziam-se sorrir, ela e ele. Olhos brilhavam a cada encontro, a cada brincadeira partilhada, a cada abraço recíproco. Ali havia intensidade, e talvez ninguém percebera. Eram prazeres oferecidos de graça, uma relação de amor infantil... pode ser! Mas um amor daqueles que poucas pessoas, talvez, já puderam vivenciar. Era o início de um amor que não se sabia por onde caminharia; era incerto, assim como a vida propõe.
Com poucas reservas ela o observava. E dali saiam descrições puras, sem contaminações, reservas ou preconceitos. Uma relação simples que provavelmente adultos não vivenciam mais. Tudo se resolvia em um simples pedido de desculpa! Não havia chateações, mas sim correspondências: de olhares, de falas e de gestos.
Continuavam conectados.
E dentro deste contínuo que é a vida, seus sorrisos foram separados, trocas de olhares foram suspensas e suas brincadeiras cessadas. Não por motivos pontuais, mas por contingências incontroláveis do dia a dia.
Ele já não via todos os dias sua pequena princesa.
Ela já não poderia mais observá-lo rotineiramente, como adorava.
Por deveras vezes foram pronunciadas palavras que correspondiam ao que comumente chamamos de Saudade. Sentiam a ausência. Sentiam falta do que construíram e do que puderam reconhecer do outro. Olhos enxiam-se de lágrimas; estas rolavam, molhando um sentimento que outrora fora construído como peças de lego que se encaixam perfeita e coloridamente.
Ah, sim! Era um pequeno amor, daqueles que enchem dois corações. O começo de um amor, com uma nuance diferente da amizade, quem sabe. Mas não há como saber, há como viver, apenas.
E vivendo, por entre as intempéries, ambos puderam encontrar-se novamente.
Com êxito, êxtase, brilho, ímpeto e vontade. Aquele fora um encontro desejado, como poucas pessoas esperam por encontrar alguém, um dia. Uma saudade que não fora cessada, mas traduzida em um grande abraço. Uma conexão atualizada, sentida como em tempos atrás. Um encanto que fora registrado, querendo mais. Ali estavam dois sorrisos correspondidos e espontâneos, revestidos de uma dose de timidez (tendências humanas não lhes seriam negadas). Sentiam-se felizes e completos, mas querendo mais..
Um lindo dia. Duas crianças. Um pequeno amor.
Uma grande vida. Uma prematuridade esperando crescimento.
Dali sairiam várias possibilidades...

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