quarta-feira, maio 19, 2010

"Na lanterna dos afogados"

Há um dia atrás eu retratei o meu momento em uma frase: " Me surpreendendo... Momento em que tudo conspira ao meu favor. Acho que tenho que aproveitar! " E esta frase reuniu o que eu realmente estava sentindo. Tudo estava (ou está, não sei bem) ao meu favor, família, amigos, faculdade etc e eu me senti no dever de aproveitar cada minutinho dessa felicidade.
Ela parecia não cessar.
E aí, em meio a tanta euforia, a tanto sentimento de orgulho de mim mesma, em meio a tantos elogios eu me senti realmente feliz. Por alguns momentos eu pensei: Sim estou dando certo!
Logo veio o balde de água fria.
É impressionante como o ser humano não sabe lidar com a felicidade - digo isso pela experiência que escrevo agora -; estar feliz, totalmente feliz, tudo dar certo e o mundo estar em sintonia com a gente nos leva a um grau de complexidade absurdo. Precisamos de problemas, a vida sem problemas, sem dilemas e sem dúvida não nos parece normal; nos deixa à beira da loucura.
E eu senti isso profundamente, no final da noite passada e durante todo o meu dia de hoje. E agora eu digo o porquê de tudo isso: Insegurança.
Talvez esta única palavra descreva o que eu sinto, agora, neste exato momento. Mas pode ser este misto de sentismentos vá além disto. Tentarei explicar...
Durante os últimos dias tenho recebido elogios que partem de pessoas que nem bem me conhecem, que simplesmente me viram executar algumas coisas e me acharam merecedora de ouvir aquelas palavras. Confesso que todas aquelas frases que me parabenizavam, ou todos aqueles olhares de agradecimento junto com a confiança que me depositaram me envaideceram bastante, mas creio que não no sentido egoísta da vaidade, mas no sentido de 'eu estou conseguindo!', no sentido de satisfação; e todo este momento, toda esta 'áurea' positiva me proporcionou esta grande felicidade que citei acima. Mas tudo isso se esfriou quando, ontem, pude notar - talvez exageradamente - que todo aquele monte de palavras, todos os votos de confiança e elogios não eram o que eu realmente queria ouvir, ou melhor, não vinha de quem eu queria ouvir.
Alguns podem chamar de inveja, outros podem dar diferentes opiniões, mas o que eu vou citar agora eu encaro com um sentimento de 'exclusão', 'anulação'. Após parar e pensar no quanto todos aqueles reconhecimentos me fizeram bem, eu cheguei a conclusão que sim eu merecia alguns deles - outros talvez vieram apenas movidos pelo exagero- mas logo um fato que aconteceu, ou melhor, um fato ocorrido juntamente com outros que eu lembrei me fizeram congelar todo meu êxtase e felicidade.
Um sentimento de exclusão, algo que mostra uma certa desvalorização da minha presença - e a supervalorização de outros -, desvalorização do meu agir, da minha dedicação. E isso me incomodou. Incomodou muito!
Estar ali e não ser notava, estar ali e ser ignorada, estar ali e sentir que não há confiança, ver que a minha preferência não se encaixa realmente comigo, me levou a anulação de tudo que me disseram, todos elogios feitos. Tudo foi por água abaixo!
Talvez essa compreensão que fiz possa ser, na verdade, o oposto. Pode ser que há excesso de confiança, apenas não bem expressado. Mas o sensação de ser apenas um efeite, estar ali apenas para executar e ainda presumir que não há benfício nem vontade em 'notar-me' ali, me faz duvidar realmente se aquilo me faz bem, se aquilo realmente vale a pena.
Nasce daí a vontade avassaladora de perguntar, conversar e tomar nota do que realmente se passa na mente do outro, se todo esse meu mal-estar é em vão, se tudo que penso é na verdade o contrário. Mas aí vem a interrogação: não seria cedo demais?
Cedo para pensar tudo isso, cedo para me sentir merecedora, cedo para cobrar algo, cedo para uma avaliação, cedo para uma abordagem.. cedo pra tudo...?!

Toda essa inconstância me maltrata, me leva à uma auto-anulação.. me leva a derramar lágrimas.
Faz, tudo isso, parte do meu crescimento?
Eu quero uma resposta. Mas sei que ninguém me convencerá.
Estou de fato na lanterna dos afogados...





"Quando está escuro e ninguém te ouve, quando chega a noite e você pode chorar
há uma luz no túnel dos desesperados, há um cais no porto pra quem precisa chegar..." (Hebert Vianna)

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