domingo, julho 13, 2014

Agonia

O bom artista consegue transformar sua dor em arte. Transcende-se e como forma de aliviar o que lhe aflige, produz grandiosos feitos.
Não me vejo como artista, mas encontro em mim a estúpida necessidade de decifrar minha agonia. E toda agonia, por si só, condensa um tanto de dor e tem um Q de desamor.
Causa mal, faz doer, retira o equilíbrio, assombra os pensamentos e enfurece o coração.
Infelizmente lhe digo que, por diversas vezes na vida, passaremos por sensações como essa. E, sim, isso é péssimo e extremamente doloroso.
Viver dias agoniados é como viver dias sabendo o quanto desejará esquecê-los.
Viver dias agoniados é como assistir a um espetáculo dessincronizado.
É como acordar mais ou menos, passar horas mais ou menos, trabalhar mais ou menos, dormir desejando sonhar.
Sonhar mais ou menos, sorrir mais ou menos, sentir mais ou menos. Ligar o automático, fazer por fazer. Manipular a hora, acrescentar meias verdades ao tempo que sobrou.
Tentar guardar o amor.
Viver dias agoniados é tentar entender o que pouco se explica.
É tentar esquecer o que o foi bom, quando estas deveriam ser memórias eternas.
É deitar e sentir o corpo inquieto, acordar e desarmar todos os desejos. Fazer, fazer, fazer, fazer até encontrar outro sentido.
Acreditar no que parece improvável.
Hoje, meu coração está agoniado. Pulsa doído, bomba desilusão.
Desilusão do outro, desilusão do querer. Desilusão do sentir, desilusão do acompanhar.
Hoje, meu coração não sente a harmonia, sente-se congelado.
Congelamento do fervor, do furor.
Hoje, meu coração sente-se assaltado, violado, frágil e banido.
Banido do amor, banido do amar.
Minha agonia, hoje, é tão minha, no entanto, me foi imposta. Minha agonia, de hoje, não depende de mim.
Fui presenteada, e de surpresa!
Surpresa da dor, do chorar. Surpresa que sabota e faz penar.
Hoje, com pesar eu lhes digo: não posso amar!
Amar quem me mostrou o amor, amar quem me deu o amor.
Amar quem eu quero, amar quem me fez pulsar, quem prometeu me acompanhar.
Acompanhar na vida, no caminhar.
Hoje, eu simplesmente não posso. E o não poder me faz agonizar.









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