domingo, agosto 05, 2012

Demore-se

Passamos os dias vivendo tão rapidamente, sem nos olhar. A competição; a luta contra o tempo; a ganância e a busca por status excluem da rotina o momento para que olhemo-nos uns aos outros.
Vestimos uma armadura todas as manhãs, antes de encarar a loucura do dia a dia. E esta não nos permite sentir muito do que o outro tem a oferecer.
Cada um possuidor de uma história, produto de diferentes experiências, sensível a diferentes estímulos e eventos, percebe o mundo diferente de nós. E isso é tão rico!
Somos capazes de contribuir com o outro sem perceber, sem esforço, sem intenção. Às vezes uma palavra, uma experiência contada e  uma impressão tem muito a oferecer.
O exercício do humanismo é demasiadamente difícil, esbarramos sempre num punhado de conservas, inseguranças e autorregras. A verdade é que não nos permitimos. Talvez como forma de defesa, pode ser... É preferível nos manter em nossa zona de conforto a deixarmos nos apaixonar pela essência dos que nos rodeiam.
É quase que intragável notar que o pré-conceito gerado, imaturamente, pelas primeiras impressões de alguém seja diluído. Requer esforço, e para isso é necessário investimento de coragem, humildade, serenidade e respeito para lidar com a verdade de cada um.
E quando possibilita-se o 'conhecer' agregam-se muitas outras variáveis, como por exemplo o sentimentalismo envolvido, dificultando muitas tomadas de decisão. Conhecer implica diretamente no modo como lidaremos com o outro, Passamos a ser, mitologicamente, um pouco responsáveis por aquela história e por diversas vezes envolvemos sentimentos que podem interferir em diversas decisões a serem tomadas.
E aí tudo se complica!
Admiração, compaixão, empatia, correspondência...quando envolvidos tudo se torna mais penoso: dizer sim, dizer não, abrir mão, punir, escolher, cessar...
A verdade é que o relacionamento humano é complexo e paradoxal. As relações nos enriquecem, lapidam e contribuem com nosso repertório comportamental, autoconhecimento etc., porém nos geram um misto de medo e ansiedade..
E é estranho perceber, que vivemos esbarrando nos outros, em suas histórias...
Cuidemos para andar mais devagar.

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