domingo, setembro 08, 2013

(In)certeza

Quantas coisas na vida nos fazem ter certeza de algo? Nem o céu estando cheio de nuvens escuras garantirá que a chuva é certa. Juras de amor não garantirão a fidelidade. Nem abraços apertados excluirão a partida.
Uma troca intensa de olhares não traduz literalmente todo um pensamento. Nem uma previsão de comportamento garante sua ocorrência.
Raríssimas vezes levantamos a voz e gritamos "Isso é lógico!", exceto aqueles que se sentem cheios de uma verdade ilusória. A cada vez que esta frase é proferida, ecoa com ela a impossibilidade de outras verdades; ela é restritiva, delimitadora e, em certa medida, subestima quem a ouve.
É interessante que estas palavras são ditas quando estamos vestidos de uma certeza implacável; certeza esta que confere um achismo de que é inerente que os outros a tenha também. Mas não. O que me é lógico, pode ser totalmente desconhecido ao outro e o inverso é verdadeiro.
Previsões são sempre previsões e mesmo que certeiras, há sempre a possibilidade de não ocorrerem ou de mudarem e surpreenderem. Surpresas podem deixar de ser surpresas, bem como o que era certo pode surpreender, assim, ilogicamente. Não sabemos das experiências do outro, nem de todos os eventos a que foi exposto, por isso acredito na premissa de que o "é lógico!" deve ser ponderado, quase nunca usado. Digo quase nunca, pois hora ou outra deitamos arrogantemente num mar que extravasa certeza, de um modo tão tipicamente humano!
Quem sabe, talvez, quando somos convidados a viver somos também convidados a lidar com as imprevisibilidades. Afinal, a vida é cheia de sabores e dissabores, álgebras e sintaxes, aspirações e equações, Baskara e predicados, poucos totalmente certos e quase nenhum totalmente errado. Tudo parece ser relativo. Dinâmico. Nada lógico!
Digo isso assim, com uma terrível (in)certeza.

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