quarta-feira, setembro 07, 2011

Arquipélago

Como forma de fuga aqui estou eu. Meu coração, hoje, dói. E dói bastante.
Estou me sentindo como um passarinho que se perdeu do ninho e foi parar em mãos estranhas. Sinto que me perdi de mim e estou a vagar em um lugar desconhecido de mim mesma, sem ter onde segurar ou sequer alguém para me referenciar.
É como se tudo estivesse passando pelos meus olhos na forma rápida de um vídeo. Eu não consigo intervir, são acontecimentos rápidos demais, impalpáveis. Mas, ao mesmo tempo, tudo isso acontece de forma vagarosa, dando-me possibilidades de escolhas como se tudo fosse produto de mim mesma. Eis-me em um grande paradoxo.
O que eu gostaria agora é de ter um minuto pra poder chorar, deixando que as lágrimas percorram meu rosto até senti-las morrer sobre meu corpo. Elas seriam representantes da minha inquietação interior, seriam matéria da minha insegurança e prova viva do meu sentimento.
Estou à margem de mim mesma, quem eu penso ser é o oposto do que os outros pensam que sou. Não sei mais até que ponto estou sendo congruente comigo mesma; sinto-me distante de mim. Não sei lidar com o que penso e assusto-me com meu reflexo. Quem sou eu na verdade?
Sentir-me revelada por outra pessoa é como quebrar um espelho com minha imagem.
Qual a minha verdade? A que consigo observar, a que sinto impulsionar minhas atitudes ou é aquela que parte de uma observação externa?
Eu sou aquela que dizem que sou?
Existem momentos que tudo parece pesar mais, cansar mais, doer mais. Não sei como lidar com tudo isso: vejo minhas ações serem interpretadas de outra forma, vejo minhas decisões serem pouco respeitadas, vejo minhas verdades serem escondidas, tampadas e esquecidas. Imagino-me como refém de mim mesma. Estou insegura do que sou, sinto-me fraca para me procurar e vejo-me covarde para encarar minhas descobertas.
Não sei como me defender e nem tenho argumentos para isso mas, ao mesmo tempo tenho diversas cartas na manga para justificar-me. Estou assim, em uma ilha perdida. Inacessível! Posso sentir a água fria batendo em minhas estruturas e minando o medo.
Sou um arquipélago dentro mim mesma.
A pedra que qualquer pessoa atirar em mim, agora, vai doer em proporções incalculáveis. O ideal seria andar com um aviso de que minha fragilidade está à flor da pele.
É preciso buscar novas forças, renovar meu repertório, encontrar reforço positivo em mim mesma. É o momento para construir meu telhado com material confiável, firme e infalível. Mas para isso preciso de ajudantes de obra e o que vivencio hoje a a máxima de Sartre "O inferno são os outros". Em quem confiar, em quem buscar ajuda, em que colo sentir-me amada?
Talvez as consequências de meus atos tem sido pouco reforçadoras.
É hora de repensar!


"Daqui desse momento,
do meu olhar pra fora o
mundo é só miragem.
A sombra do futuro a sobra
do passado
assombram a paisagem.
Que vai virar o jogo e transformar a perda em nossa recompensa?
Quando eu olhar pro lado eu quer estar cercado só de quem me interessa (...)"

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A mesma de sempre com inúmeras alterações.